terça-feira, 29 de março de 2016

Opinião: "After 3"


Título: After 3 - Depois do desencontro
Autora: Anna Todd
Edição/reimpressão:2016
Páginas: 392
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722357388

SINOPSE
No momento em que Tessa toma a decisão mais importante da sua vida, tudo começa a desmoronar-se. Revelações inesperadas acerca daqueles que a rodeiam ameaçam o futuro. Fragilizada, Tessa procura o conforto de Hardin - o único capaz de apaziguar tudo num beijo - mas este enfurece-se quando descobre o segredo que ela esconde. Tessa sabe que Hardin a ama, mas será isso suficiente? O ciclo de ciúme, raiva e perdão é extenuante. Conseguirá o amor dos dois ultrapassar todos os obstáculos? Se Tessa decidir obedecer ao seu coração, provocará ela… o fim?



OPINIÃO
Acabei de ler este livro no dia 28 de março de 2016 e dou-lhe três estrelas, embora tivesse estado tentada a dar-lhe só duas; no entanto, como me manteve interessa, três é o mais justo. 
O que me fez vacilar? O facto de poder resumir-se o livro a três palavras: mais do mesmo. No início, Tessa reencontra o pai, uma nova personagem que até pode trazer novas situações, adicionar elementos extra e novidades. No entanto, é subaproveitado e colocado na prateleira como adereço. Também aparecem duas novas raparigas, quase como a versão feminina de Hardin e Tessa, mas novo lugar na prateleira lhes é destinado. Calculo que sejam os três "repescados" no volume seguinte, mas foi fraco o seu contributo. 
Mais do mesmo aplica-se igualmente ao jogo de Hardin e Tessa de "agora estou eu chateado", "agora estás tu". Parece que não encontram um ponto intermédio para que a coisa resulte. Sempre que parece que vão entender-se, bum! Cai o Carmo e a Trindade e o comboio descarrila.
O que mais me aborreceu foi o sentimento com que fiquei de que este volume só serviu para encher chouriços; em nada contribuiu para o desenvolvimento real da história. Podia ter dado origem só a três ou quatro capítulos num livro e continuar a partir daí; estender isto por um livro inteiro com quase 400 páginas foi exagero.
A surpresa maior foi a Steph. Uma novidade, enfim (embora nada boa)!
Fico a aguardar o próximo livro na expetativa de que venham por aí verdadeiros desenvolvimentos.


domingo, 27 de março de 2016

Resultado do passatempo "Primeiro Amor"

E, para animar este domingo de Páscoa, nada melhor do que oferecer um livrinho.
O passatempo para ganhar um exemplar de "Primeiro Amor", de James Patterson, terminou na noite de 25 de março de 2016, tendo recebido 54 participações. O Random.org indicou que o contributo vencedor é o número 12, que corresponde a... Maria Reis! Parabéns, Maria Reis, e atenção ao seu e-mail que irei entrar em contacto consigo para lhe enviar o seu livro.
A todos os outros que tiveram a gentileza de participar neste passatempo, o meu obrigado e votos de boa sorte para os próximos passatempos ;-)


quinta-feira, 24 de março de 2016

Opinião: "A Cidade do Fogo Celestial"


Título: A Cidade do Fogo Celestial - Caçadores de Sombras 6
Autora: Cassandra Clare
Edição/reimpressão:2014
Páginas: 576
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896575687


SINOPSE
Sebastian Morgenstern está ao ataque e volta Caçador de Sombras contra Caçador de Sombras. Com a ajuda da Taça Infernal, transforma Nefelins em criaturas saídas de um pesadelo, separando famílias e amantes enquanto engrossa as fileiras dos seus Ensombrados.
Acossados, os Caçadores de Sombras refugiam-se em Idris… mas nem os poderes demoníacos de Alicante conseguem manter Sebastian à distância. E com os Nefelins encurralados em Idris, quem protegerá o mundo contra os demónios?
Quando é desmascarada uma das maiores traições de toda a história dos Caçadores de Sombras, Clary, Jace, Isabelle, Simon e Alec são obrigados a fugir - ainda que a sua viagem os leve até ao coração dos reinos demoníacos, onde nunca nenhum Caçador de Sombras fora e de onde nenhum ser humano alguma vez regressara.
Haverá amor sacrificado e vidas perdidas na terrível batalha pelo futuro do mundo neste empolgante final da clássica série de fantasia urbana Caçadores de Sombras.



OPINIÃO
E pronto, sexto e último volume da série dos Caçadores de Sombras acabado de ler a 24 de março de 2016 e com cinco estrelas de classificação.
Demorei mais a lê-lo, é verdade, mas tive menos tempo livre e, confesso, estava a custar-me despedir-me das personagens. Na verdade, este final não me soou bem a final, pelo menos para algumas figuras, como Tessa, Zacariah, Emma e Jules. 
Curiosa como sou, estive a pesquisar as informações referentes às origens (Anjo, príncipe e princesa mecânicos) e fiquei com a ideia de que abordam o passado de Tessa. Não tenho muita vontade de me debruçar sobre o passado, pelo que talvez vá saltar essa leitura. Pesquisei mais e verifiquei que a continuação existe: a série "the dark artifices". Pelo que percebi, ainda não está traduzida para português, mas gostei tanto dos Caçadores de Sombras, que vou esperar. Entretanto, farei um "intervalo" para voltar ao After, de Anna Todd.
Ok, primeiras coisas primeiro. Chegada ao final de uma saga quase sempre classificada com cinco estrelas, não há muito mais a dizer. Está entre as minhas favoritas. Vou aproveitar e, para variar, apontar algo que antes já tinha notado, mas que neste livro é flagrante: gralhas na tradução a nível dos nomes. Por amor de Deus, parece que não prestaram atenção a quem dizia o quê. Errar é normal, errar é humano, mas quando se torna uma constante, algo está mal. A título de exemplo, página 539 neste sexto volume: "Uma funda ruga de confusão apareceu entre os olhos de Simon". Qual Simon? Está-se a falar com Julian. A mesma confusão dezenas de vezes irritou-me. Espero não ver isto nos dark artifices.
Por último, se recomendo a série dos Caçadores de Sombras? Claro que sim!
Boas leituras ;-)

terça-feira, 22 de março de 2016

Up, up and away!

Pois, pois... de novo afastada do blogue.
São fases complicadas: o trabalho aperta, tenho de delinear os eventos de uma associação que integro, tento ler alguma coisa, tento praticar desporto, faço de dona de casa muito ocupada... Há três semanas que não escrevo uma linha do meu novo livro e estou a "ressacar". Com tudo isto, obviamente o tempo para vir ao blogue também é escasso.
Dado ser este um blogue principalmente de literatura, aproveito este post para recordar a minha leitura atual: "A cidade do fogo celestial", o sexto e último volume da série Caçadores de Sombras, de Cassandra Clare. Além de não conseguir ler todos os dias, admito que estou a demorar um bocadinho mais, porque gosto tanto da série que me custa saber que tenho de despedir-me das personagens. Daqui a pouco mais de duzentas páginas lá terá de ser. Mas já tenho a próxima leitura à espera na mesa de cabeceira: o terceiro livro da série "After", de Anna Todd.
Boas leituras!

domingo, 13 de março de 2016

Passatempo - março 2016



Saudações literárias!

Sendo março o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o passatempo deste mês terá como prémio um romance para aquecer o coração: “Primeiro amor”, de James Patterson. Eu já li e adorei!

Para participar neste passatempo basta responder acertamente à pergunta colocada no formulário que se encontra mais abaixo, até às 23h00 do dia 25 de março de 2016. Nos dias seguintes as respostas corretas serão sujeitas a sorteio pelo Random.org e o vencedor será anunciado aqui e na página de Facebook do blogue (http://www.facebook.com/RuteCanhotoAutora/). 

Para descobrir as respostas às perguntas recomenda-se a consulta de http://rutecanhoto.blogspot.pt/2015/03/opiniao-primeiro-amor.html

Boa sorte!



sábado, 12 de março de 2016

"Céu em Fogo"

Boa noite!


A Dalila Santos contactou-me recentemente a propósito da disciplina de Edição de Textos do seu curso, no âmbito da qual tem de divulgar um livro reeditado por colegas, no site Bibliotrónica Portuguesa.

Sem mais delongas, os interessados poderão encontrar o PDF do livro "Céu em Fogo", de Mário de Sá Carneiro, com reedição de Catarina Cornejo, Joana Lopes, Maria de Oliveira e Maria Helena Sardinha no site http://www.bibliotronicaportuguesa.pt/reedicoes/

Boas leituras!


quarta-feira, 9 de março de 2016

Opinião: "A Cidade das Almas Perdidas"



Título: A Cidade das Almas Perdidas - Caçadores de Sombras 5
Autora: Cassandra Clare
Edição/reimpressão:2012
Páginas: 384
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896573218


SINOPSE
O demónio Lilith foi destruído e Jace liberto do cativeiro. Quando os Caçadores de Sombras chegam, porém, nada encontram além de sangue e vidros partidos. O rapaz que Clary ama desapareceu, bem como o que odeia: o irmão, Sebastian, determinado a vencer os Caçadores de Sombras. 
A magia de Clave não consegue localizar o paradeiro de nenhum dos jovens, mas Jace não pode ficar afastada de Clary. Quando se reencontram, Clary descobre o horror causado pela magia de Lilith - Mal. A Clave está determinada a destruir Sebastian, mas é impossível atingir um dos rapazes sem destruir o outro.

OPINIÃO (*spoilers*)
Leitura de "A Cidade das Almas Perdidas" - check! Terminei-a a 8 de março de 2016 e dou cinco estrelas também a este livro.
E começo a ficar deprimida. Já só falta um volume para me despedir destas personagens? Custa dizer adeus quando gostamos bastante de uma série. Mas, antes disso, vamos lá a uma curta opinião sobre o quinto livro da cidade das sombras.
Tal como suspeitava, Sebastian voltou à carga e, para piorar tudo, está ligado de forma vital a Jace, o que impede que atentem sobre um para não atingirem o outro.  Acho que Clary agiu de forma muito impulsiva ao longo do livro, caprichosa até por vezes, mas gostei de ver como respondia nos momentos certos: se era preciso lutar, lutava como se fosse um ensinamento que tinha nascido com ela. Gostei que a autora a tornasse numa guerreira tão boa. E o Sebastian não se ficou a rir da sua resposta quando a encontrou a vasculhar-lhe o quarto. 
Jace. Fiquei à espera que um cliché do tipo "o amor tudo pode e resolve" para dar a volta à sua ligação a Sebastian, mas isso não aconteceu. Parece que, por vezes, o amor também precisa de uma ajudinha. E a que Clary deu soou a algo doloroso. Auch! O amor dói...
Sebastian. Fiquei desiludida que o vilão não tenha sido afetado pela ligação como Jace. Tinha esperança de que Jace tivesse alguma influência positiva sobre ele e que estivesse a ser sincero com Clary ao insistir na sua relação fraternal. Bluff. Mau é mau e não muda.
Maia e Jordan; Izzy e Simon. Até que enfim as coisas começam a ganhar contornos mais definidos. Já o final que Alec recebeu neste volume deixou-me triste por ele. Veremos se Magnus muda de ideias.
E o casamento pendurado de Jocelyn e Luke? A ver se sai no último livro, o qual vou começar já a ler, pois estou curiosa quanto a Maureen. Bem me parecia que a vampiresa havia de voltar...


sexta-feira, 4 de março de 2016

Opinião: "A Cidade dos Anjos Caídos"



Título: A Cidade dos Anjos Caídos - Caçadores de Sombras 4
Autora: Cassandra Clare
Edição/reimpressão:2013
Páginas: 312
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896572464


SINOPSE
A Guerra Mortal acabou e Clary Fray está de regresso a casa, em Nova Iorque, entusiasmada com o que o futuro lhe reserva. Está em treino para se tornar uma Caçadora de Sombras e saber usar o seu poder único e a mãe casar-se com o amor da sua vida. 
Os Habitantes-do-Mundo-à-Parte e os Caçadores de Sombras estão, finalmente, em paz. E, acima de tudo, Clary já pode chamar «namorado» a Jace.
Mas tudo tem um preço. 
Anda alguém a assassinar os Caçadores de Sombras que pertenciam ao círculo de Valentine, provocando tensões entre os Habitantes-do-Mundo-à-Parte e os Caçadores de Sombras, o que pode levar a uma segunda guerra sangrenta. O melhor amigo de Clary, Simon, não pode ajudá-la. Descubra o porquê.





OPINIÃO (*spoilers*)
A 1 de março de 2016 terminei a leitura de "A Cidade dos Anjos Caídos", obra à qual atribuo cinco estrelas tal como aos volumes anteriores, à exceção do primeiro que, sinceramente, foi aquele de que menos gostei.
O livro começa após uma grande vitória, um período que se supunha de celebração, mas os problemas persistem e se um vilão foi deposto, outro se ergue e sai das sombras. E desta vez o nome do perigo é bastante antigo e conhecido do público em geral. Quem é fã de "Sobrenatural", por exemplo, já deve ter ouvido por diversas vezes o nome de Lilith. Foi interessante vê-la surgir nesta história e juntar-se à marca de Caim (hum, curioso. Outro aspeto do "Sobrenatural"...).
Também gostei que a narrativa se focasse em Simon e que o seu papel na mesma crescesse e se desenvolvesse. Aliás, a variação dos pontos de vista de cada personagem é uma técnica interessante, que mantém a história dinâmica e nada aborrecida.
Jordan. Uma surpresa inesperada, embora palpite que a história entre ele e Maia ainda não acabou, principalmente tendo em conta o que se descobriu neste volume sobre o que aconteceu afinal quando mordeu a rapariga.
Outra surpresa foi a transformação da fã de Simon. Tendo em conta que o seu nome só veio à baila um par de vezes antes e nunca interveio realmente, não esperava que ascendesse a vampira e com tanta naturalidade. Veremos o que a autora lhe reservou.
Isabelle. Estou a gostar de perceber mais a sua maneira de ser e a fazer figas para que o interesse por Simon venha a ganhar contornos mais sérios.
Clary e Jace. * suspiro* Mas porque é que não ficam bem de uma vez por todas? Há sempre qualquer coisa no meio, a separá-los. E esta ligação inesperada a Sebastian - perdão, Jonathan - faz-me perguntar-me como irá isso mudá-lo. Para saber, vou já passar ao quinto volume da série: "A Cidade das Almas Perdidas".

quarta-feira, 2 de março de 2016

"Anjo Decadente"

Olá!
Já vos aconteceu revisitarem o vosso baú de histórias e encontrarem coisas que escreveram há tanto tempo que, quando releem, perguntam-se "fui eu que escrevi isto?". Há uns aninhos  escrevi o meu primeiro projeto de livro, que ficou na gaveta por rejeição das editoras, mas também por escolha minha, por ser uma mistura entre realidade e ficção. Há coisas que ficam melhor se guardadas apenas para nós. No entanto, aqui partilho as primeiras páginas desse projeto que reencontrei este fim de semana e a que dei o título de "Anjo Decadente".



«Chegou.
Chegou finalmente o dia pelo qual ansiamos todo um ano e que, secretamente, odiamos: o aniversário.
Hoje é o meu aniversário: faço 17 anos. Uma vida toda.
Antes de me levantar da cama revejo mentalmente, no escuro, a minha vida: recordo-me da minha infância em casa dos meus avós, os infantários por que passei, os grupos aos quais nunca pertenci realmente, o trajeto escolar... Céus! Como é terrível a conclusão a que cheguei. Toda a minha vida se pode resumir a uma palavra: carreira.
Vejo-me ainda uma criança. Quantos anos terei? 3 ou 4? Sou tão miúda... mas já o tenho nas minhas mãos: já seguro um livro. Uma história para colorir. “Aprende: esta é a cor azul, a cor do céu, sob o qual a menina brinca e, nesse céu azul, está um sol amarelinho, que brilha e brilha muito, porque é vaidoso.”.
Tudo tem uma regra: aprende-as! “As meninas vestem vestidos ou saias, gostam do cor-de-rosa e brincam com as bonecas, às casinhas”. “Calças? Azul? Carrinhos?! Não, não e não! Isso é para os meninos e só para os meninos; tu tens de gostar do que as meninas gostam. Não acreditas? Vê no livro que pintaste: a menina tem um vestido para pintares de cor-de-rosa e está a brincar com a boneca de pano, enquanto o menino tem calças azuis e está a passear um carrinho pelo cordel”. “Não, não faças isso! Faz antes assim. Não queres?! Mas quem manda sou eu, por isso fazes assim e fazes já”. Impossível fugir às regras... melhor aceitá-las.
Cresci.
Eu lembro-me disto. Tenho 5 anos e mudei-me para uma casa nova, num bairro novo; vou fazer novos amigos e vou estar num novo infantário. Lembro-me perfeitamente de subir para o terraço da casa nova e aí ficar, muito tempo, à espera do pôr do sol. Quando finalmente acontecia, admirava tal e qual um pintor o cruzamento do amarelo e do laranja que desmaiavam num rosa que se afogava no roxo e azul da noite que se avizinhava. A noite chegava enfim; era a vez de contemplar as estrelas. “Tantos pontos brilhantes! Acho que a primeira a aparecer foi aquela. E aquela ali ao fundo brilha tanto! Qual será a Ursa Maior? Ouvi falar, na televisão, que há uma estrela a que chamam este nome. Que giro! Aquelas parecem formar um papagaio que foi lançado para o céu e ficou lá preso”.
Eu também já tive um papagaio que encontrei na rua. Antes de o ter, costumava atar um fio de lã a um furo que fazia numa folha de papel e tentava fazer com que voasse. Até parece que o papagaio que encontrei foi enviado por uma força superior.
O quê? O teu nome escreve-se assim, mãe? Eu também consigo escrever o teu nome, queres ver? Vês? E o meu, como é? Ah! Já sei escrever o meu nome e o teu. Espera aí! Se esta letra é a que tem este som, se as juntar faço esta palavra, certo? Boa, já sei escrever algumas palavras e já chega; o resto fica para a escola.”.
6 anos. “Ena, ganhei tantos livros de prenda de anos! Agora vou para a escola e depois já os saberei ler a todos.”.
7, 8, 9, 10 anos. “Vamos brincar?”, “Não, tenho de fazer os trabalhos de casa”. Sinto-me realizada: encontrei algo em que sou boa. Brincar? Depois, agora não. “Isto é giro. E a chuva cai porquê? Ah! E pronto, acabei. Vou brincar. Ei, onde se meteram todos? Já foram para casa? Pronto, sendo assim volto também para casa. Vou ver mais umas coisas nos livros”.
11, 12, 13 anos. Já sou uma mulher. Nunca pensei que ser uma mulher pudesse doer tanto (estou cheia de dores de barriga)! “A minha mãe diz que ainda não sou uma mulher, que sou uma adolescente. Dizem que este é um momento muito importante na vida de uma mulher, mas eu tenho duas coisas a dizer: primeiro, pelos vistos, ainda não sou uma mulher e segundo, qual é a importância que, eventualmente, poderá ter na vida de uma mulher umas míseras dores de barriga”?
O relógio não para: 14 anos. Pois é, este é um ano muito especial na minha vida. Entrei para o Centro Comunitário do meu bairro; achei que ia ser interessante. Fica numa casinha pré-fabricada, pequenina e nos dias em que há reuniões somos tantos que mal cabemos lá dentro. Só é pena que, quando é para trabalhar, alguns não apareçam. Dizem que o objetivo principal desde Centro é ocupar os jovens para que não entrem por caminhos menos acertados. Vivo numa zona problemática, na medida em que há alguma pobreza e contrabando (principalmente a nível de droga), mas não tenho medo. No Centro, há muitas atividades a realizar, como bailes, coreografias, ginástica, jogos e quermesses, mas, melhor ainda, colónias de férias. 
Esta é, ainda, a época do primeiro grande amor: Márcio. Aqueles olhos verdes e simpatia conquistavam qualquer uma... menos a minha mãe, claro. Acho que as mães são superprotetoras neste aspeto. “Ai, não quero qualquer um para a minha filha, mas também não vou escolher por ela. A cama que fizer é a cama em que se há de deitar”. Nunca aconteceu nada entre nós. No fundo foi mais um amor platónico: eu atrás dele e ele atrás de outra, tal como no filme “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, com a Julia Roberts e a Cameron Diaz. Claro que eu fiz de Julia Roberts... Esta vida é assim, um mar de desencontros.
15 anos. Nova fase escolar. “Se queres vencer, esta é a altura: semeia agora para colheres depois”! Mas surge um obstáculo inesperado: adoeço. Após uma operação de urgência, as coisas começam a voltar ao normal. No meu quarto, no Hospital, vejo a noite que perde terreno para as luzes que a combatem e assim fico, horas e horas. Deitada na cama, olho pela janela e vejo os prédios do outro lado da rua. Algumas janelas têm luzes acesas. Questiono-me sobre o que se passará naqueles andares. Às vezes, até vejo as pessoas a andarem de um lado para o outro nas suas casas, levando a sua vida normal. Até parece que sou um observador superior, que estou acima de tudo - sou como que um narrador omnisciente, mas com a diferença de que não conheço os sentimentos das personagens; apenas posso imaginá-los, criando inúmeras histórias hipotéticas.
Descubro uma nova presença. Não, não é Deus; nunca acreditei em Deus e não sei porquê. É algo transcendente, que está acima de mim e olha por mim. Torno-me um pouco mais positivista: não me dou por vencida. Deus... a Igreja. Não acredito nas nossas igrejas. Os homens são homens, não são santos. Estudei História e Filosofia. Tenho presente na minha cabeça a Inquisição, o Índex, os dízimos, as perseguições, a falsidade de alguns padres que pregavam a pobreza e viviam na ostentação; não posso esquecer isso. Não confio nos supostos representantes de Deus. Se aquilo em que creio agora se pode apelidar de Deus, prefiro fazer o culto à minha maneira. Uma curiosidade: se Deus não queria que se adorassem estátuas, porque é que nas igrejas há tantas estátuas a representá-Lo? Cada um com a sua fé e os seus valores...
Seguem-se os 16 anos. “É a altura indicada para o teu primeiro emprego. Começa por baixo, para saberes dar o devido valor ao que tens.”. Boa experiência. Idas ao cinema com duas amigas - a noite é nossa!
Chegou.
Chegou o meu aniversário: faço 17 anos. Concluo que, em prol do meu futuro, abdiquei de muitas oportunidades e até de amigos. Que posso esperar deste ano, se acabo de chegar à conclusão de que, em nome de um futuro promissor, desperdicei o melhor da vida? Pergunto-me se ainda há alguma oportunidade escondida por aí, para mim. Não vejo sentido nesta vida... se é que lhe podemos chamar de “vida”.
Agora que penso nisto, lembro-me de ver os outros que passam por mim todos os dias e até aqueles com quem passo o dia: rotina. Todos os dias a mesma hora de levantar, os mesmos passos a seguir, nada de novo. Rotina. A rotina pode destruir uma pessoa. A vida precisa de aventura, precisa de novidades para não perder o sentido. E sabem que mais? Na vida não há muitas aventuras; há, sim, batalhas. Cada dia é uma batalha diferente, mas estas batalhas do dia-a-dia acabam por superar a diferença que têm entre si e tornam-se todas iguais. Rotina. Quando finalmente temos perante nós uma mudança, uma nova oportunidade, trememos, vacilamos e recusamo-la, preferindo não arriscar e continuando na nossa rotina. É curioso o ser humano. 
O despertador interrompe-me os meus pensamentos. Bem, parece que vou ter mesmo de levantar-me. »